ESTÉTICA OU QUALIDADE DE VIDA?
Por Marcelo Fontana*
Minha experiência com kettlebells começou de uma forma inusitada. Já conhecia de nome – afinal, que fã de Fedor Emelianenko não sabe que ele é um grande entusiasta do treinamento com bolas de ferro? No entanto, parecia uma realidade bem distante da minha. Até que meu amigo Fábio Soler, do www.fighttv.com.br, comentou que um atleta de Jiu Jitsu praticava e estava se dando muito bem. O lutador a quem ele se referia era Matheus Spirandeli, que considero uma grande promessa para o esporte de combate em um futuro não muito distante. De qualquer forma, acabei esquecendo o assunto até que, certo dia, entrevistei Mateus e Márcio Fontana, seu treinador – que, aliás, não tem grau de parentesco comigo. Mais tarde, comentei com os dois sobre um problema que me acometia há tempos.
Desde que parei de treinar pesado, comecei a sentir dores horríveis provenientes do nervo ciático. Quem tem ou já teve sabe bem de que falo: é uma dor lancinante. Em alguns momentos, eu chegava a não sentir a perna esquerda – o que me fez sofrer algumas quedas na rua. Tentei vários tratamentos, de fisioterapia a rolfing. Lamentavelmente, já estava me resignando com o fato de que jamais voltaria a passar um dia sequer sem dores horríveis. E aí Fontana disse que talvez pudesse me ajudar, por meio do treinamento com kettlebells. Para quem já havia tentado inúmeras alternativas e gastado quantias consideráveis para ficar bem novamente, achei que não haveria mal algum. Confesso que não coloquei muita fé, mas o que teria a perder? Assim, marcamos a primeira sessão de treinamento.
Devo dizer que não foi fácil. Alguns movimentos iam de encontro a tudo o que havia aprendido no passado. A técnica de alongamento também era diferente. Mas me senti muito bem e decidi que repetiria a dose. Surpreendentemente, após a segunda sessão – vejam bem, até ali foram apenas duas -, notei que minhas costas se fortaleceram e que não sentia mais dor. Mesmo assim, quando voltei para casa, tive a certeza de que, em pouco tempo, o sofrimento retornaria – afinal, era o que ocorria a cada vez em que eu buscava uma solução para meu inferno pessoal. Não foi o que aconteceu. Os dias que se seguiram foram incríveis para alguém que, durante cinco anos, mancou e tentou disfarçar o que sentia. Percebi, assim, que estava em um caminho sem volta.
Além desse benefício inusitado, a resistência e a flexibilidade de meu corpo aumentaram de sobremaneira por conta da prática constante com kettlebells. E não foram poucas as pessoas que disseram ter reparado, em minha postura, uma significativa mudança – para melhor, naturalmente. Também me sinto bem mais forte. Não se trata de vaidade, longe disso; na realidade, descobri uma forma muito eficaz para obter ótimo condicionamento físico. É claro que o aprendizado demanda tempo para que os movimentos sejam executados de forma minimamente aceitável. E aqui cabe uma reflexão: penso que, atualmente, há uma grande preocupação estética quando as pessoas decidem procurar alguma atividade física, em detrimento de fatores essenciais como saúde e bem-estar. Talvez aí esteja o principal empecilho para a disseminação desse tipo de treinamento.
Porém, para quem tem um foco diferenciado e deseja, antes de qualquer coisa, estabelecer um elevado padrão de qualidade de vida, não há algo melhor do que o sistema que estou aprendendo, com muita satisfação, por meio das orientações seguras do competente treinador Márcio Fontana. Recomendo a todos, independente de idade ou sexo.
*Marcelo Fontana é jornalista e apresenta o programa Último Round na allTV
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