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sexta-feira, 11 de março de 2011

Barefoot Training e exercícios Auto - Limitantes. (Parte 1)

Desde o meu tempo na pós-graduação em Biomecânica que eu venho acompanhando uma discussão a respeito da eficiência dos tênis para corridas. Uns dizem que é muito bom pelo amortecimento a impactos e tudo mais. Outros defendem que os amortecedores não têm qualquer influência sobre o impacto e sim, apenas é uma forma de você não machucar seu pé.
Bom, vamos nos apegar à física e biomecânica para justificar meu ponto de vista.
Eu acredito que o amortecedor não tem qualquer outra função a não ser proteger a planta do pé. Porque?
  • 3º Lei de Newton: Se um corpo aplica uma força sobre outro, receberá deste uma força de mesma intensidade, direção e sentido oposto.
  • A força de reação do solo ou do piso: É uma resposta às ações musculares
e ao peso do corpo transmitidos pelos pés durante a marcha.
Nos Estados Unidos, segundo apontam Cook, Brinker & Poche, cerca de 50 a 70% dos corredores apresentam algum tipo de lesão diretamente relacionada a corrida. Embora os benefícios da corrida sejam comprovados na literatura também é bem documentado a alta incidência de lesões mioarticulares, o que pode ser explicado pelo pico de impacto das forças de reação do solo na ordem de 1,5 a 8 vezes o peso corporal, em cada passada da corrida. Vamos pegar um sujeito de 80 kg. Seguindo a lógica citada a cima ele sofreria um impacto de 120kg a 640kg por passada da corrida. Para entendermos o volume total de carga basta multiplicarmos esses valores pelo número total de passadas durante o tempo de corrida. Eu não acredito que um amortecedor absorva estas cargas a ponto de termos uma redução significativa no impacto corporal.
Outro ponto importante é com relação à mecânica. Quando corremos de tênis alteramos a mecânica natural da passada. A região dos calcanhares (parte mais rígida do pé) é a primeira que toca o solo; em contra partida quando corremos descalços tocamos com a parte da frente do pé e desenrolamos para o calcanhares, aproveitando o amortecimento natural da região do ante-pé e médio-pé. Investigações de Rodin et al (2000) alertam que no momento da corrida, a força de alto impacto associada ao choque no calcanhar dos esportistas pode causar danos a cartilagem articular.
Na segunda parte deste artigo falarei como essas diferenças mecânicas alteram a solicitação muscular e ajudam a prevenir lesões.
Treinador: Marcio Fontana
Twitter:@ Marcio_Fontana

5 comentários:

  1. Muito bom post... assiti uma palestra do Mark Verstegen sobre o assunto!!!
    Parabens!!!!
    Abss

    Vander

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  2. Se você der um soco com uma força de 100N numa chapa de aço de 10 cm de espessura o que irá deformar?
    Sua mão ou a chapa?
    Cuidado com as leis físicas.

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    1. Excelente ponto! A idéia dos exercícios auto-limitantes é justamente essa. Imagine nessa situação a pessoas aplicar um soco contra uma chapa de aço utilizando uma luva de boxe e outra sem proteção alguma.
      A pessoa que usar a luva aplicará uma força muito maior na chapa de aço por que a luva não vai permitir que sua mão se machuque, ao contrario do indivíduo sem luva que não tem nada para proteger a mão do impacto. O ponto defendido nesse tema é que o tênis, por proteger os pés, faz com vc aplique uma força maior do que o necessário por passada. Quando vc corre descalço é obrigado a recalcular sua força por passada, assim diminuindo a sobrecarga por impacto.

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  3. Além do mais você esquece de uma coisa chamada força elástica, do coeficiente elástico e potencial elástico.
    Não quer dizer que correr calçado é o melhor.

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    1. Esses pontos citados não foram esquecidos.
      A questão do "correr descalço" tem relação com a própria mecânica da passada, a forma da passada segundo os estudos, apresentou-se diferente para cada situação.
      Os autores que defendem o "barefoot" relacionam as lesões encontradas em corredores com essa mecânica alterada na passada.
      Obrigado pela colaboração.

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